De
coração para coração
06.07.2024
Trechos de Bidi
Parte 1, 2 e 3
PARTE 1
Irmã: Bidi, ainda estou
esperando sua visita.
Elisa: Bidi, tem uma
pessoa que diz que ainda está esperando sua visita.
Bidi: Ela fala que minha chegada é às 23h?
Bidi: É uma questão...
Elisa: Sim, foi uma
pergunta.
Bidi: Não, o que eu estou dizendo é uma
pergunta.
Elisa: E então?
Bidi: Ela fala que minha chegada é às 23h ou outras
coisas?
Elisa: Ela diz que sim.
Bidi: Então, são incontáveis os que entre
vocês já me encontraram, mas devem aceitar que, quando esse encontro não
ocorre, isso significa simplesmente que ainda há em vocês uma expectativa
específica ou uma esperança que pertence à pessoa. Portanto, nesses casos, não
há um vazio suficiente, ou se preferirem, um vazio interior para permitir nosso
encontro.
São inumeráveis os que viveram esses encontros
e certamente são igualmente numerosos os que não os viveram, apesar de seus
pedidos.
A não ocorrência do encontro nunca é por minha
causa ou por minha responsabilidade, mas simplesmente porque o momento não é
adequado. Não procurem nenhuma responsabilidade, simplesmente o momento não
chegou.
Lembro que tivemos a oportunidade de discutir
longamente minha capacidade de intervir, em Ultra Temporalidade, se preferirem,
fora de qualquer contingência ligada ao tempo ou ao espaço. Não esqueçam de que
estamos em totalidade, quer dizer, todo o conjunto da Criação, presentes no
Centro do seu peito, no ponto Zero do Coração. Se não me encontraram, isso
também significa que vocês não se encontraram completamente.
É necessário aceitar que aquele momento não é
o Seu momento, e que é preciso deixar liberar de vocês todos os conceitos e
crenças sobre seu personagem. Também é preciso abandonar toda vontade de
reivindicação, para que nosso encontro possa ocorrer livremente no Coração do
Coração.
Agora, também existem irmãos e irmãs que não
têm a percepção do encontro que ocorreu, mas que podem constatar de forma
bastante simples as mudanças que acontecem nos dias seguintes em vários
aspectos de suas vidas.
Portanto, sem preocupações, não há nem
responsável, nem culpado, mas é simplesmente o relógio do tempo que ainda não
permitiu isso.
PARTE 2
Irmã: Há uma pergunta complementar nos dizendo "E
como fazer esse Vazio?"
Bidi: Você não pode fazer o vazio. Não se trata de fazer, não se trata
de realizar qualquer exercício, mas única e exclusivamente de aceitar e acolher
o que está lá sem se questionar.
É claro que é preciso escolher um espaço calmo. É claro que é mais fácil
se o corpo estiver em repouso e os olhos fechados. O mais difícil é não tentar
esperar algo, mas simplesmente se concentrar na noção de acolhimento, em uma
aceitação, não para dissertar sobre essas palavras, mas para viver suas
essências.
Não se ocupe dos pensamentos, mantenha-se firmemente, se posso dizer,
ancorado neste Instante Presente. E quanto mais você estiver nesse silêncio,
nesse acolhimento e nessa aceitação, repito, sem esperar nada, mais você terá
possibilidades de encontrar e viver o Real, ou seja, de se reconhecer.
Não é uma aquisição, não é uma iniciação, é muito mais simplesmente uma
restituição a si mesmo. Para isso, não deve haver nenhuma pretensão de evoluir,
de se transformar, não deve haver nenhuma pretensão de viver uma experiência. É
nesse nível que a lucidez, a clareza e a simplicidade devem se impor.
Então, nesse momento, você está disponível para o que Você É. Você não
pode fazer o vazio porque você é da natureza do vazio. A consciência é apenas
um ruído; a Luz é apenas a ilusão do movimento; e o Amor é a sua primeira
emanação.
Mas você não é nem o Amor, nem a Luz, nem nenhuma forma. Você deve estar
pronto para aceitar isso. Deve fazer disso, eu diria, uma forma não de crença,
mas de preâmbulo para viver o Real.
Aí está o que pode ser expressado em palavras. Mas, como disse Abba esta
manhã, quanto mais você estiver - como se diz - desiludido, desgostoso eu
creio, Abba usa essa palavra, quanto mais você estiver cheio de ilusões e de
falsas esperanças, nesse momento você não esperará mais nada, e nesse momento
você estará disponível para essa forma particular de resiliência.
Ninguém pode, como disse Cristo, entrar no reino dos céus se não se
tornar como uma criança, cujo atributo essencial é a espontaneidade. O presente
decorre da espontaneidade. Lembrar-se de quem você é, requer não acreditar mais
em nada e de nenhuma forma, em tudo o que pode ter sido manifestado, em tudo o
que se manifesta e em tudo o que poderia se manifestar.
Nesse momento, você está livre para o Agora, nesse momento, você está
livre de todo desejo e, principalmente, de toda vontade de se apropriar do que
você é. Se você preencher essas poucas condições, se não houver outro objetivo
que não o de se encontrar, então você está disponível para viver isso.
Desde o início, há doze anos, eu disse "você não é este
corpo", esse é o primeiro obstáculo, a identificação com o corpo. O
segundo obstáculo é a identificação com os pensamentos, você também não é seus
pensamentos, suas ideias, suas visões.
Enquanto você acreditar que o passado, seja ele qual for, seja o minuto
passado ou as memórias de uma de suas vidas passadas, enquanto você acreditar
que veio disso, então você não está livre para o Agora.
Não há nada a adquirir, não há nada a experimentar. Esse reconhecimento
só pode acontecer no Silêncio e na própria ausência de qualquer experiência
concebida como algo que passa.
PARTE 3
Pergunta: Ler os livros de Nisargadatta para
permanecer na consciência "Eu sou" ainda tem alguma utilidade hoje?
Bidi: Em primeiro lugar, devo esclarecer que esses não são meus livros,
mas são minhas conversas que foram gravadas e entregues a vocês, há mais de
vinte anos, pelo menos em francês.
Bem evidentemente que, tudo o que eu disse naquela época, é exatamente a
mesma coisa que as palavras que uso hoje. O simples ato de ler meus
ensinamentos, assim como ouvir-me falar hoje, tem efeitos profundamente
transformadores em relação às suas falsas identificações com o corpo do sonho,
o saco de carne.
Esses ensinamentos, entre aspas, são totalmente atemporais e encontram
hoje suas justificativas plenas na experiência da consciência de cada um, assim
como na experiência atual da Terra.
A descoberta e a vivência do Real não estão mais hoje ligadas a aumentos
vibracionais e abertura de qualquer coisa, mas decorrem da compreensão e
aceitação do que vocês são.
Que vocês chamem isso de O QUE É, quer chamem de o Instante Presente, o
Absoluto, o Parabrahman, sua Presença ou sua Ausência, é isso que está aí. A
chave da libertação é simplesmente o fato de compreender e aceitar isso.
Vocês agora chamam isso, mais frequentemente de o Grande Silêncio, onde
nenhuma memória, nenhum futuro, nenhum corpo, nenhuma energia, nem nenhuma
vibração, são necessários. É bem mais que uma reconexão, mas lembro-lhes que é
muito mais uma questão da Ordem de Reconhecimento, do que sempre esteve
presente.
Então, sim, que seja ouvindo minha voz, ao vivo, como vocês dizem, ou
gravada, ou lendo as palavras que pronunciei há trinta ou quarenta anos, se
vocês estiverem disponíveis, então vocês viverão o Real.
O Estado do Real ou Estado Natural são termos que foram usados em suas
línguas ocidentais, para compreender bem que não é algo excepcional, muito pelo
contrário. Nós, todos, tentamos abordar essa experiência dando-lhe tanto
palavras, quanto energias e vibrações, a fim de trazê-los literalmente para o
mais próximo de vocês mesmos.
***
A Equipe de Transcrição
Tradução: Marina Marino
Maravilhoso, simplesmente
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